Ser mãe de um jovem de 22 anos com Trissomia 21: novos/velhos desafios
Como mãe sempre entendi que a definição de regras e a demarcação de limites é fundamental para a educação de uma criança e, como tal, não podia deixar de o fazer com os meus dois filhos.
Acontece que o mais velho tem Trissomia 21/Síndrome Down (como preferirem chamar) o que tem implicado um esforço constante (mais dele até do que meu) para que haja adequação dos comportamentos e que sejam respeitadas as regras da convivência em sociedade, não indo pelo caminho da desculpa ” porque não entende” (porque entende e muito bem).
O problema é que chega a uma altura em que pensamos que podemos “baixar a guarda” e não ser tão exigentes, tão vigilantes e aí …. Colocam-se velhos/novos desafios.
O meu filho sempre praticou desporto, vários dias por semana, modalidades como corfebol, natação e equitação, mantendo por isso uma silhueta muito musculada e sem gordura. Em termos de socialização, esta inserção em desportos “não adaptados”, bem como o facto de ser escoteiro, faziam com que tivesse uma vida social muito saudável.
Contudo, nos últimos dois a três anos, foi-se mostrando desinteressado por algumas destas modalidades, surgiram problemas em algumas áreas, eu facilitei e no presente sinto que tenho de voltar a ser directiva em termos da prática do desporto (por motivos de obesidade, saúde e inserção social) e do cumprimento de rotinas para voltar a ter o meu filho a participar na sociedade e a ter a sua vida organizada como todos nós temos.
Não pensem com isto, que ele está “deprimido” e fechado em casa. Não. Felizmente tem o seu voluntariado que lhe ocupa o dia e está razoavelmente integrado, mas eu quero que ele continue a ser feliz, a ter novas interacções, a conhecer mais pessoas, quiçá arranjar uma namorada e para tal, ele tem de vivenciar vários contextos onde aprenda algo novo, não ficando refugiado no que conhece – o seu voluntariado e a sua família.
Este novo desafio é pelo meu filho e por mim (não posso negar) porque quanto mais autónomo ele conseguir ser, mais eu consigo viver a minha vida e assim conseguiremos ser os dois, pessoas realizadas e felizes.
Emília Durães
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